Em uma noite chuvosa no interior de São Paulo, Marcelo sentou-se à mesa da cozinha encarando uma xícara de café frio. Na sala ao lado, vozes elevadas ecoavam: seu irmão mais novo, Armando, discutia furiosamente pelo telefone com o próprio filho, Kleber. As brigas entre os dois irmãos eram um triste ritual repetitivo na família dos Oliveira. Marcelo, o primogênito de temperamento pacífico, há anos tentava ser o mediador silencioso entre Armando e o mundo. Armando, por sua vez, carregava um histórico de comportamento autodestrutivo e se recusava a buscar ajuda – fosse para o temperamento explosivo ou para o alcoolismo que pouco admitia. Kleber, o sobrinho de Marcelo, era frequentemente pego no fogo cruzado: um adolescente sensível, dividido entre a lealdade ao pai e a admiração pelo tio.
A história de Marcelo e Armando ilustra um tipo de conflito familiar que infelizmente muitas famílias conhecem: relações tensionadas por conflitos pessoais repetitivos. É natural associarmos conflitos a algo puramente negativo – e de fato, conflitos mal administrados podem trazer consequências psicológicas sérias. Estudos em psicologia mostram que conflitos crônicos e hostis elevam significativamente o estresse e a ansiedade, desencadeando reações fisiológicas prejudiciais ao corpo. Essa resposta de “luta ou fuga” prolongada – com níveis elevados de adrenalina e pressão arterial – pode contribuir para problemas de saúde mental, incluindo risco maior de depressão e transtornos afetivos. Não surpreende, portanto, que viver em clima de brigas constantes seja comparado a viver em permanente estado de alerta, algo esgotante para a mente e para o corpo.
No entanto, pesquisadores ressaltam que o conflito em si não é inerentemente bom nem mau – seus impactos dependem de fatores como frequência, contexto e a forma como é administrado. Em outras palavras, um desentendimento pontual e construtivo difere muito de uma guerra fria diária dentro de casa. Há evidências de dois lados: de um lado, abundam provas dos prejuízos dos conflitos destrutivos; de outro, há também benefícios potenciais em certos tipos de discordância.
A psicologia do desenvolvimento, por exemplo, sugere que conflitos “bem resolvidos” podem servir como instrumentos de crescimento. Já na década de 1930, Jean Piaget observou que o desafio representado por opiniões divergentes – especialmente entre pares, como irmãos ou amigos – pode impulsionar o desenvolvimento cognitivo. Em conflitos construtivos, as crianças e adolescentes aprendem a articular seus pontos de vista, negociar e reconsiderar suas posições à luz de novas perspectivas. Esse processo, quando pautado pelo respeito, estimula autonomia, identidade própria e habilidades sociais como empatia e comunicação eficaz. Alguns estudos indicam que certo grau de discordância familiar na adolescência é necessário para o jovem estabelecer sua individualidade e autonomia em relação aos pais. Em famílias que dialogam, conflitos moderados e construtivos estão associados a melhor autoestima e competências sociais nos filhos. – sinal de que nem todo embate deixa cicatrizes; alguns deixam aprendizados.
Por outro lado, no caso de relações tóxicas e conflitos persistentes, é comum que os custos ultrapassem quaisquer benefícios. Quando um conflito se torna crônico e coercitivo – marcado por gritos, insultos, agressões emocionais –, ele tende a minar a qualidade das relações e até sua estabilidade. Laços familiares “obrigatórios” (como entre pais e filhos, ou irmãos) podem não se romper de imediato, mas a sensação de segurança e apoio mútuo fica profundamente abalada. Em vez de servir a algum propósito construtivo, a briga contínua passa a corroer a saúde mental dos envolvidos. É o que diversos trabalhos científicos comprovam: conflitos parentais intensos estão ligados a problemas de comportamento em crianças, dificuldade escolar, ansiedade, depressão e até maior propensão a violência entre os próprios jovens. Ou seja, um clima familiar beligerante atua quase como um veneno lento, contaminando o bem-estar de todos ao redor.
Em termos simples, conflito nem sempre significa caos sem retorno – tudo depende se ele é capaz de levar a alguma transformação positiva ou se apenas se repete em círculos viciosos. No caso de Marcelo e Armando, os conflitos infelizmente haviam se tornado cíclicos e destrutivos, sem perspectiva de resolução ou aprendizado mútuo. Nessas condições, permanecer na relação conflituosa por lealdade ou medo da ruptura acabou por se tornar mais nocivo do que o rompimento em si.
Relações familiares tóxicas costumam impor um fardo invisível aos envolvidos. Quem convive diariamente com explosões de raiva, manipulações emocionais ou negatividade constante de um ente querido sabe o quão exaustivo isso pode ser. Psicólogos frequentemente comparam essas dinâmicas a estar perto de um “vampiro emocional” – aquela pessoa que suga sua energia e bem-estar. De fato, pesquisas indicam que relações tóxicas drenam a energia e afetam diretamente a saúde emocional de seus participantes. Em um relacionamento saudável, prevalecem sentimentos de segurança e apoio; já nos vínculos tóxicos, o efeito é oposto: prevalece a sensação de caos e esgotamento. Amor não deveria parecer uma montanha-russa de medo e exaustão, escrevem especialistas – quando parece, possivelmente deixou de ser amor saudável e transformou-se em dependência ou conflito destrutivo.
Marcelo experimentava no próprio corpo essa influência. Cada novo embate com Armando era seguido por noites em claro e dores musculares causadas pela tensão constante. Essa manifestação psicossomática do estresse relacional não é incomum. Sob a ótica da psiquiatria e mesmo da parapsicologia, sabe-se que emoções negativas intensas podem desencadear reações físicas nocivas no organismo. Um artigo publicado pelo Instituto de Parapsicologia do Brasil ressalta que aflição, medo e sofrimento psicológico podem alterar o metabolismo cerebral, liberando uma cascata de neuroquímicos de estresse – adrenalina, histamina – além de toxinas que entram na corrente sanguínea e perturbam o funcionamento saudável do cérebro. Em outras palavras, estar preso em um ambiente emocionalmente tóxico literalmente envenena o corpo aos poucos, elevando hormônios do estresse a patamares insalubres. Marcelo talvez não conhecesse esses detalhes bioquímicos, mas sentia na pele: a cada episódio com o irmão, vinha a dor de cabeça, o estômago embrulhado, o corpo pesado. Não era imaginação – era o corpo reagindo ao desgaste emocional prolongado.
Além do desgaste “energético” e físico, há o esgotamento psicológico de conviver com quem não quer ajuda. Esse esgotamento tem até nome nas pesquisas de saúde: “burnout do cuidador” ou exaustão do cuidador. Embora normalmente associado a quem cuida de enfermos, o conceito se aplica a qualquer um que dedica esforço mental e emocional contínuo a tentar ajudar alguém resistente à ajuda. É o caso de familiares de pessoas com dependência química ou transtornos mentais que negam tratamento. A literatura médica descreve essa síndrome como um estado de exaustão física, emocional e mental resultante do cuidado prolongado de outra pessoa. Os sintomas incluem fadiga extrema, ansiedade, depressão e perda de empatia. No fundo, é o colapso de quem gastou todas as suas forças tentando salvar alguém que não reconhece a necessidade de ser salvo.
Marcelo, de certa forma, desempenhava o papel de “cuidador emocional” de Armando e de Kleber, sempre tentando consertar a situação familiar. Porém, ao longo dos anos, essa postura o levou perigosamente próximo do limite do esgotamento mental. Estudos do campo da sociologia da saúde mostram que estresse crônico em relações familiares é um dos estressores mais potentes para comprometer a saúde e bem-estar de uma pessoa. Quando o lar – supostamente lugar de refúgio – torna-se fonte contínua de estresse, o indivíduo pode desenvolver sintomas de ansiedade crônica, depressão e sensação de desamparo.
Uma publicação da Mayo Clinic sobre o tema da desavença e distanciamento familiar aponta que, apesar de doloroso, não é raro pessoas sentirem uma espécie de “alívio” quando finalmente se afastam de um familiar tóxico ou abusivo. Isso não significa que a decisão de romper seja fácil ou isenta de tristeza – pelo contrário, muitas vezes envolve um luto profundo pela família que se desejava ter. Entretanto, em casos de abuso (físico ou psicológico) e manipulação, cortar laços pode ser não apenas necessário, mas saudável, segundo especialistas. A mesma fonte pondera que o processo pós-rompimento é desafiador emocionalmente – frequentemente acompanhado de culpa, dúvidas e pressão social – e por isso apoio psicológico pode ser valioso para atravessá-lo. Marcelo, ao deixar a casa do irmão naquela noite, vivenciava exatamente esse turbilhão: a dor de desistir de alguém amado misturada à paz de escapar de um ciclo doentio.
Chega um momento em que dizer “basta” deixa de ser um ato de agressão e torna-se um ato de autoproteção. Psicólogos e psiquiatras enfatizam que estabelecer limites saudáveis é fundamental para o bem-estar emocional. Conflitos muitas vezes são o veículo necessário para estabelecer esses limites – especialmente quando tentativas pacíficas de diálogo já se esgotaram. O próprio Centro de Dependência e Saúde Mental do Canadá (CAMH) aconselha familiares de pessoas com comportamentos problemáticos a definir claramente suas fronteiras e fazer com que elas sejam respeitadas, mesmo que isso gere atritos. Ou seja, confrontar o ente querido e impor limites – por mais doloroso que seja – pode ser preferível a permitir que a toxicidade continue sem freios.
No caso de Marcelo, o rompimento com Armando foi um ato extremo de estabelecimento de limites. Ele precisou se afastar fisicamente para deixar claro que não compactuaria mais com as agressões verbais e o comportamento destrutivo do irmão. É compreensível que, na nossa cultura brasileira de fortes laços familiares, uma decisão assim choque e até sofra críticas. Há um imperativo social de “família não se abandona”, que muitas vezes mantém pessoas reféns de parentes abusivos por toda uma vida. Contudo, estudos contemporâneos em psicologia e sociologia têm desmistificado essa questão com uma abordagem realista: manter-se em uma relação familiar apenas por obrigação, quando esta relação é fonte de sofrimento e não apresenta perspectiva de mudança, pode ser muito mais prejudicial do que o afastamento.
A professora Lucy Blake, PhD em psicologia, pesquisa o fenômeno do afastamento familiar (family estrangement) e destaca que cada caso tem suas nuances, mas em muitos há um elemento comum: o distanciamento vem após repetidas tentativas fracassadas de reconciliação ou melhora. Ninguém corta laços importantes de forma leviana. Geralmente, como ilustra a matéria da Mayo Clinic, o que leva à ruptura é uma sequência de conflitos e decepções ao longo de anos, culminando num “último esforço” que fracassa – o famoso “gota d’água. Foi assim com Marcelo: a ligação telefônica de Armando brigando com Kleber naquela noite representou a gota d’água, o momento em que ele percebeu que nada do que fizesse mudaria aquele padrão. Persistir seria continuar se afogando junto com o irmão.
É importante notar que romper não significa que o conflito “venceu” – significa que a pessoa escolheu travar um conflito a favor de si mesma. Trata-se de um autocuidado ativo. Muitos terapeutas redefinem essa escolha não como egoísmo, mas como sobrevivência emocional. Afinal, permanecer em relações tóxicas pode levar a um adoecimento psicológico sério. Em alguns casos, desenvolver transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) complexo é uma possibilidade real para quem vive anos sob violência psicológica ou negligência emocional. Frente a isso, o confronto final – a briga ou afastamento definitivo – pode ser paradoxalmente libertador. É o conflito que, em vez de destruir, rompe correntes que já vinham destruindo lentamente a pessoa.
Marcelo, após se afastar, ainda enfrentou um longo processo interno de cura. Houve momentos de profunda tristeza, de sentir falta do irmão e do sobrinho. Mas conforme as semanas passaram, ele notou que sua ansiedade diminuíra e a qualidade do sono melhorara. A ausência das explosões diárias deu espaço a um silêncio fértil, no qual ele pôde se dedicar a si mesmo sem o medo constante da próxima briga. Procurou apoio terapêutico e grupos de ajuda, onde descobriu que sua situação não era única. Muitos ali também tinham “feridas invisíveis” causadas por familiares problemáticos e compartilhavam histórias de ruptura semelhantes. Aos poucos, Marcelo transformou a culpa em compreensão: compreendeu que não podia salvar quem não quer ser salvo e que cuidar de si mesmo não o fazia um “vilão” da família, mas sim alguém que também merece paz.
Interessantemente, conflitos desse tipo podem até abrir caminho para reconciliações futuras sob novas bases, caso haja mudança de comportamento. Ao estabelecer limites firmes, Marcelo deu a Armando a chance de encarar as consequências de seus atos. Se um dia Armando buscar ajuda e demonstrar verdadeira mudança, talvez o relacionamento possa ser reconstruído, desta vez de forma mais saudável. Mas esse futuro depende do reconhecimento, pelo irmão, dos erros cometidos – e esse é um passo que ninguém pode forçá-lo a dar. Até lá, Marcelo mantém uma distância saudável. Ele não alimenta mais ódio ou ressentimento – apenas a firme decisão de não voltar ao ciclo abusivo. Em seu coração, torce pelo sobrinho e até pelo irmão, mas entende agora que cada um deve querer se ajudar. Seu ato de conflito derradeiro foi, na verdade, um ato de amor-próprio.
A queda do muro de Berlim, que unificou as duas Alemanhas, em 1989 - FOTO: Wikimedia Commons
Nem todo conflito resulta em ruína – alguns, por incrível que pareça, pavimentam o caminho para a paz, a cura e o progresso. A história, tanto em nível pessoal quanto coletivo, oferece exemplos inspiradores de confrontos que precisaram acontecer para que algo melhor surgisse. Vejamos alguns casos emblemáticos:
Queda do Muro de Berlim (1989): Durante quase 28 anos, o Muro de Berlim simbolizou um profundo conflito político e dividiu famílias inteiras entre o lado oriental e ocidental da Alemanha. Sua queda ocorreu em meio a protestos e tensões – um conflito popular contra um regime opressor – e foi seguida por cenas emocionantes de famílias e amigos se reencontrando após décadas separados, em meio a celebrações eufóricas nas ruas. Aquilo que fora um símbolo de discórdia tornou-se, literalmente da noite para o dia, um símbolo de união e liberdade. A reunificação alemã, formalizada em 1990, só foi possível porque houve o enfrentamento daquela divisão. Aqui, o conflito (no formato de pressão popular e anseio de mudança) abriu espaço para a paz e o desenvolvimento – hoje, a Alemanha unificada é exemplo de superação de traumas históricos.
Comissão da Verdade e Reconciliação na África do Sul (meados dos anos 1990): Após décadas de conflito racial sob o regime do apartheid, a transição para a democracia poderia ter sido marcada por vingança e mais violência. Em vez disso, lideranças como Nelson Mandela e o arcebispo Desmond Tutu apostaram em um caminho inovador: confrontar a verdade dolorosa para alcançar a cura nacional. Estabelecida em 1995, a Comissão da Verdade e Reconciliação (TRC, na sigla em inglês) promoveu audiências públicas onde vítimas e perpetradores de violações dos direitos humanos durante o apartheid deram depoimentos. O objetivo era expor a verdade, reconhecer o sofrimento causado e, assim, ajudar a “curar o país” e reconciliar o povo sul-africano. Foi um processo de conflito no sentido de expor feridas – muitas vezes com depoimentos angustiantes – porém, esse confronto com o passado evitou um ciclo de retaliações. Ao final, embora a África do Sul ainda enfrente desafios, a TRC é amplamente vista como tendo criado um espaço para o perdão e a reconstrução, provando que enfrentar honestamente um conflito pode ser mais produtivo do que escondê-lo debaixo do tapete.
O fim da rivalidade Hatfield-McCoy: Um exemplo curioso e simbólico de conflito que gerou reconciliação vem da história americana. As famílias Hatfield e McCoy protagonizaram, no final do século XIX, a mais famosa rixa familiar dos Estados Unidos, marcada por vinganças sangrentas que se tornaram lenda. O conflito foi tão destrutivo que virou sinônimo de briga insolúvel. No entanto, mesmo um conflito tão amargo pode conhecer seu fim: após gerações de animosidade, os descendentes dessas famílias decidiram fazer as pazes. Em junho de 2003, representantes dos Hatfield e dos McCoy assinaram oficialmente um tratado de trégua, declarando encerrada a disputa centenária. A assinatura foi simbólica – já não havia tiroteios entre eles há muito tempo –, mas extremamente poderosa. Reuniu membros de ambas as famílias num gesto público de perdão e amizade. Um dos signatários afirmou que desejava mostrar, após os ataques de 11 de setembro de 2001, que “se até a mais arraigada rixa familiar pode ser curada, a nação também pode se unir”. Hoje, os Hatfields e McCoys chegam a realizar reuniões festivas conjuntas. Essa história real ilustra que nunca é tarde para transformar conflito em convivência pacífica – e que admitir a necessidade de paz é um ato de coragem, não de fraqueza.
Esses exemplos reforçam uma mensagem comum: o conflito não precisa ser o capítulo final de uma história. Em muitos casos, ele pode ser o catalisador de mudanças positivas, seja ao remover barreiras que mantinham pessoas separadas, seja ao permitir que verdades difíceis venham à tona e purifiquem relações, ou ao simplesmente ensinar lições para que as próximas gerações façam diferente.
Na manhã seguinte à sua decisão de partir, Marcelo acordou na casa de um primo, sentindo-se estranho e leve. Havia muita estrada pela frente em sua jornada de cura – feridas emocionais a serem tratadas, novas rotinas a serem criadas sem a presença diária do irmão e do sobrinho. Porém, ele intuiu que algo fundamental mudara: Marcelo recuperara o controle sobre a própria vida e sanidade. Descobriu, na prática, que conflito algum é fácil, mas que alguns conflitos são necessários. Às vezes, é preciso coragem para confrontar quem amamos e dizer “não” – não ao comportamento abusivo, não ao ciclo tóxico, não à destruição mútua. Esse “não” pode ser, na verdade, um “sim” a si mesmo.
Histórias como a de Marcelo trazem identificação porque tantas pessoas já se viram divididas entre manter um laço familiar doentio ou se libertar para salvar a própria saúde mental. Não existe escolha indolor nessas situações. Mas a ciência e os exemplos ao redor confirmam: romper um vínculo destrutivo não é fracasso, e sim possibilidade de renovação. Conflitos, por mais temidos que sejam, podem ser instrumentos de libertação e reconstrução emocional. Depois da tempestade, o ar fica mais limpo – e é nesse ar puro que se pode, enfim, voltar a respirar e a viver com dignidade. Marcelo, ao olhar para trás, ainda sente saudade do irmão em alguns dias. Contudo, ele não se arrepende. Sabe que a paz que conquistou dentro de si vale o preço do conflito que travou. E, com o tempo, essa paz interior pode até servir de ponto de partida para, quem sabe, uma reconciliação futura em bases mais saudáveis – prova de que quando um conflito é enfrentado com honestidade e coragem, ele não marca um fim, mas um recomeço.
Referências: Estudos e artigos citados ao longo do texto embasam as informações apresentadas, trazendo contribuições das áreas de Psicologia, Sociologia, Psiquiatria e Parapsicologia sobre os efeitos dos conflitos e das relações familiares na saúde emocional. De pesquisas sobre os efeitos estressantes de conflitos crônicos a evidências de benefícios em discordâncias construtivas de relatos clínicos sobre burnout do cuidador a análises de alívio pós-rompimento familiar, procurou-se mostrar uma visão equilibrada e esperançosa: nem todo conflito destrói – alguns conflitos nos tornam inteiros novamente.
A história de Marcelo apresentada neste artigo é fictícia, mas baseada em fatos reais.