ESPECIAL
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Por Juliano Trindade
Em tempos de burnout, transições abruptas e um mercado cada vez mais incerto, cresce o número de profissionais que buscam nas estrelas, nas cartas e nos números muito mais do que consolo: eles buscam direção. A espiritualidade, antes vista como questão privada e desconectada da carreira, hoje ganha espaço nos escritórios, nas seleções e até no LinkedIn. Será essa uma tendência passageira ou um novo paradigma no mundo profissional?
A espiritualidade como ferramenta de carreira
Do mapa astral ao tarô vocacional, as práticas esotéricas têm sido utilizadas como instrumentos de autoconhecimento e planejamento. Plataformas como o Personare ou a AstroBrasil registram aumento na procura por serviços voltados à vida profissional. Um capricorniano pode estar infeliz em uma função que exige leveza e diplomacia, mais compatíveis com Libra, e essa percepção, revelada por um mapa, desencadeia a mudança.
Tarô e numerologia como conselheiros de carreira
Consultas de tarô vocacional se tornaram comuns entre profissionais em crise. Ao revelar medos, desejos e caminhos latentes, as cartas funcionam como "conselheiros internos" que conduzem a reflexão. Já a numerologia é usada por empreendedores na escolha de nomes de empresas, datas de lançamento e identidade visual, com o objetivo de alinhar energias e metas.
Casos reais: do RH à presidência
Empresas brasileiras já utilizaram mapas astrais como critério de desempate em seleções de executivos. A astróloga Elizabeth Nakata confirma que multinacionais solicitam análise astrológica de candidatos para avaliar compatibilidade, estabilidade e perfil hierárquico. No alto escalão, a ex-primeira-dama dos EUA, Nancy Reagan, chegou a planejar a agenda presidencial de Ronald Reagan com base em horários astrológicos.
No Linkedin e nas empresas: O esotérico ganha nome e sobrenome
No Linkedin, multiplicam-se os perfis de mentores astrológicos e coaches espirituais. Uma pesquisa com jovens americanos revelou que 41% checam o signo de um futuro chefe antes de aceitar uma vaga. Empresas adotam workshops com mapa astral para melhorar a comunicação entre equipes. Já programas de coaching executivo começam a incluir valores da alma e propósito espiritual entre suas métricas de sucesso.
Críticas, limites e o debate ético
Nem tudo são flores no caminho do misticismo profissional. Cientistas e psicólogos apontam falta de evidências concretas sobre a eficácia dessas práticas. Alguns casos beiram o preconceito velado, como em empresas asiáticas que excluem candidatos com base no signo chinês. Críticos também alertam para a superficialidade do esotérico via aplicativos e coaches sem formação adequada.
Ao integrar espiritualidade à carreira, profissionais buscam mais do que sucesso material: querem coerência interna, significado e propósito. Como toda tendência, o desafio é discernir entre a ferramenta e a muleta, entre o apoio simbólico e a fuga da responsabilidade. Mas se a espiritualidade pode nos lembrar de quem somos e por que fazemos o que fazemos, talvez haja mesmo algo de celestial nessa busca.
Leia Mais:
(AstroBrasil) Astrologia vocacional e carreira
(Linkedin) Astrologia no recrutamento profissional;
(UOL) Uso de mapas astrais em empresas brasileiras;
(Cision PR Web) Pesquisa sobre crenças astrológicas entre jovens profissionais;
(Fast Company) “Tecnologia espiritual” no trabalho
(IG - Delas) Tarot como guia na carreira;
(Mundo RH) Numerologia em nomes de empresas;
(Revista Questão de Ciência) Por que os jovens estão se voltando para a astrologia?;
(UOL Universa) Empresas confiam em astrologia para tomar decisões e contratar pessoal;
(Los Angeles Times) Caso Nancy Reagan e astrologia;
(Ankush.coach)Famosos que usam a astrologia para obter sucesso